Grandes perdas podem repercutir em grandes ganhos


Bom, há menos de um ano descobri

que estava doente, infelizmente, não era uma simples doença como um resfriado, era uma doença rara com um nome bonito: Ataxia de Fredreich e além do seu nome lindamente difícil ela é degenerativa, -degenerativa?- Sim. Ela se caracteriza pela perda gradual da coordenação motora. No primeiro momento, essa palavrinha tinha um significado muito cruel, ela me lembrava todos os dias que eu iria morrer (talvez eu não quisesse só me referir a morte em sentido estrito, mas sim a forma com que eu iria perder a alegria de viver), não ter as coisas do jeito normal me deixava em pânico.

Porém, um certo dia percebi que não queria passar o resto da minha adolescência trancada em quarto, lendo sobre uma doença e imaginando um futuro bem ruim, com medo do mundo, das pessoas, ou dos julgamentos (nem Jesus escapou, por que eu iria?).

Então, com ajuda da família, construi uma vida que muito me orgulha. Lógico, com certas limitações, afinal, embora às vezes eu me esqueça que ainda tenho Ataxia de Fredreich e que ela é uma doença que faz o tempo ser pior inimigo, eu ainda tenho vida, coragem e, principalmente, Deus.
Sabe aquele ditado "Mantenha seus inimigos mais perto", então, eu tento fazer isso, todos os dias me levanto com um belo sorriso, me arrumo da melhor forma possível (com direito a uma bela maquiagem e brincos gigantescos), e saio. Mas claro, apenas quando meu direito a acessibilidade é respeitado. Ah, e eu amo fazer piadas e rir sem disfarçar (ser discreta não é meu forte).

Deus me ensinou uma coisa com essa doença: que o presente é um verdadeiro presente; que sorrisos são bem melhores que lágrimas; e o mais especial: Ele sempre esteve ao meu lado e do seu também.

Eu me chamo Thayara Caroline Almeida Miranda e tenho dezenove anos, só queria pedir a prefeita em nome de muitos: POR FAVOR faça eu ter orgulho de morar em uma Cururupu acessível.
Obrigada!